Boas-vindas!

Ouvi bater à porta e fui abri-la.

À minha frente estava a mulher mais bonita que já tinha visto, com uns olhos dourados lindos. Ainda meio apanhada desprevenida, porque só estou habituada a receber alunos, sorri e disse:
Boa Noite. Deve ser a Dra. Yara. Prazer - sorrio - Sou a enfermeira Chibi mas pode tratar-me só por Chibi. E por tu se quiser. Nós as mulheres temos que nos unir, até porque acho que somos as duas únicas funcionárias daqui. - sorri.

Nunca fui muito boa a dar-me com pessoas, não tenho aquele jeito social e as pessoas costumam evitar-me. Por isso mesmo e por ser "diferente", nunca tive muitas amigas. Mas a Dra. Yara parece-me simpática e gostava mesmo de ser amiga dela...

Então diga lá, o que a traz por cá?

Oh, obrigada pelo chocolate. Amo chocolate. - sorrio. Sou mesmo viciada em chocolate, não sei se foi por acaso ou se ela sabia, mas sabe tão bem pensarem em nós.

Ponho a caixa em cima da minha mesa.

A confraternizar com o inimigo? -rio-me. Será que ela queria dizer que era o sexo masculino? - Referes-te ao Andrew? Se sim, estás desculpada. - sorrio. Conheço o Andrew há anos, foi ele que me arranjou este emprego. Sempre foi um dos meus melhores amigos e adoro o facto de ele ter finalmente encontrado alguém com quem ser feliz, depois de tudo o que aconteceu no passado dele. - Vocês fazem um par amoroso.

Bom, para começar o Andrew conta-me as coisas. E para continuar - pego na caixa e tiro um chocolate para mim e ofereço-lhe outro - toda a gente na Academia sabe, não é propriamente segredo.

Vejo que ela está um pouco envergonhada e continuo - Mas não precisas de ficar envergonhada, vocês ficam mesmo mesmo bem juntos. Ah e já agora, podes sentar-te se quiseres. Fica à vontade, é como se estivesses em tua casa.

Vejo o Buttercup a levantar-se e a aproximar-se dela, meio a medo no início mas depois começa a roçar-se carinhosamente.

Deves ser uma pessoa excelente - o Buttercup é muito selectivo com as pessoas, e é raro gostar de alguém o suficiente para deixar sequer aproximar-se. Mas quando gosta, é o gato mais carinhoso do mundo. Não é que ele arranhe se não gostar, apenas fica.. indiferente. Bom de qualquer forma, estavas a perguntar-me se conhecia o Andrew. Sim, conheço, desde que entrei na escola quando era pequena. Ele andava já no 3º ano quando eu entrei. Eu sempre fui assim meio... 'dark'. Sempre gostei de coisas diferentes - gostava de ver animes meio obscuros de terror psicológico e a lingua japonesa sempre me fascinou. De qualquer forma, tudo isso me tornava diferente dos outros e implicavam muitas vezes comigo por causa disso. E a maior parte das pessoas tinha medo de mim, então não tinha amigos.

Houve um dia em que estava sozinha a chorar num dos corredores da escola e o Andrew encontrou-me e começou a falar comigo a perguntar se estava tudo bem e se podia ajudar-me com alguma coisa. Foi o primeiro amigo que fiz nessa escola. Foi ele que me ajudou a ultrapassar as etapas mais difíceis enquanto lá estive. Ele tem um coração de ouro. - sorrio. Era uma lembrança tão nostálgica.. Tinha 11 anos. Agora com 27, parecia-me que tinha sido há milénios quase. Há imenso tempo que não me relembrava daqueles tempos...

Dieta? Qual dieta? - abri a boca de espanto. - Rapariga tu tens um corpo espetacular, em que raio de dietas andas tu metida? Um chocolate não te vai fazer mal, a sério. E faz bem, este que trouxeste é chocolate negro, é bom para a circulação sanguínea e tem poucas calorias. E o cacau ajuda a manter a concentração.

Reparei que ela não queria mesmo aceitar o chocolate e não insisti mais. Havia ali algo importante que eu não estava a apanhar, mas não sabia o quê. De qualquer forma, quando ela se sentisse preparada para falar comigo, iria fazê-lo. Não queria já assustá-la com muita insistência.

Pronto, então. Fica para mim, não te preocupes. Mas se reparo que andas metida em alguma dieta maluca que te faça ficar anoréxica, obrigo-te a comer por três. - sorrio. Digo isto porque me preocupo com ela mas mais pareço uma psicopata do que outra coisa. Tenho que aprender a conter-me com as minhas preocupações.

Ela concorda comigo quanto ao Andrew, com um sorriso tímido. Esta inocência demonstra que ela gosta mesmo dele e acho-a simplesmente enternecedora.

Sabes, vê-se que gostas mesmo do Andrew. Há imenso tempo que não via amor tão puro como o vosso. É lindo de se ver e faz-me acreditar um bocado em contos de fadas. Espero que fiquem juntos para sempre mesmo - sorrio.

Vi as presas dela e percebi que era vampira. Não fazia a ideia. É muito mau ter ficado fascinada em vez de assustada?

-Ah... Ok percebi - sorrio - não fazia ideia, desculpa. Mas então não podes mesmo comer nada? És a primeira vampira que conheço portanto não sei muito sobre os vossos hábitos.. Desculpa se te estou a ofender, só estou curiosa, sempre fui fascinada por pessoas diferentes. E bom, tu és diferente - sorrio. Espero que ela não ache que a estou a ofender ou algo do género.

E porque haveria de acontecer alguma coisa à vossa relação por tua causa? Não sejas tão insegura...

Ainda bem - sorrio.

E sim, percebo... Eu não me imagino a gostar de comer terra, portanto acho que consigo perceber onde queres chegar...

E quando falas em descontrolar-te, queres dizer, mordê-lo? Não sei Yara, tenho bastantes dúvidas que o vás fazer. Eu consigo ver que és boa pessoa e sinceramente sinto-me à vontade para te oferecer o pescoço e ter a certeza que não vais fazer nada. Portanto duvido que aconteça algo de pior com o Andrew.. Tem confiança em ti - sorrio.