visita

*entrei no gabinete, depois de bater a porta e me ser dada autorizaçao*

-"boa noite enfermeira chibi." - sorri - "nao podia deixar de a vir cumprimentar. nao se preocupe, ja vou embora e o resto das visitas tambem ja foi. nao vamos perturbar mais o seu paciente." - ri-me.
"era so para lhe agradecer mais uma vez e avisar-lhe de que os pesadelos finalmente terminaram. pelo menos os referentes ao acidente. muito boa noite e bom trabalho." - sorri e dirigi-me de novo para a porta

Boa noite, Ema. Espera, senta-te aqui e fala comigo. Relembra-me do acidente e o conteúdo dos pesadelos... Terem passado pode ser algo meramente temporário e temos que averiguar realmente a influência que eles têm em ti. Embora, isso possa ser visto como algo para falares com a Yara, no entanto, gostava que falasses comigo por agora. E já agora, "pelo menos os referentes ao acidente" - há mais?

Sei que a Yara é uma óptima psicóloga e secalhar devia reencaminhar-lhe a Ema... Mas prefiro que ela fale comigo antes. Faz parte do meu trabalho também e se vir que realmente não consigo ajudar, aí falo com a Yara.

*voltei atras e sentei-me. seria possivel ela nao se lembrar?!*

(Um corpo magro jazia no chão do dormitório feminino de Gryffindor.
Imóvel, inconsciente, de barriga para cima e um golpe profundo na cabeça. A zona central do peito ligeiramente rasgada, como se as garras de uma coruja lhe tivessem escorregado com força pelo corpo a baixo.
Algo não estava bem. A janela estava escancarada e a um metro dela um corpo branco comparando com o líquido vermelho vivo quente que escorria da testa fria e lívida.
Ao longe não se notava, à primeira vista parecia um corpo morto, mas a respiração era existente, ténue.
A cabeça, ligeiramente inclinada para a direita tinha próxima uma pedra extremamente pesada e também ensanguentada.
Não muito longe dela, uma carta vermelha. Mais uma.
Fora isso, tudo no sítio e normal. )

-"bem...nao ha muito para relembrar. pelo menos eu nao me lembro de muito. a floo e a emma contaram-me que me encontraram num estado horrivel no dormitorio e me trouxeram para cá.
estava desacordada, com as marcas profundas das garras da coruja e uma pancada na cabeça. o pior foram mesmo os pesadelos com a parte do ataque de que me lembrava, quando acordei.
mas esta tudo bem agora. eu pus a pomada que me deu ate ao fim. ja nao se notam as cicatrizes." - sorri e tentei de que se esquecesse da outra parte.
na verdade...os pesadelos tinham mais ou menos cessado, de qualquer género. sempre que me deitava ia ja tao cansada que simplesmente adormecia profundamente e sem sonhos.

Ainda bem que a pomada ajudou - sorrio. As feridas do ataque tinham mesmo um aspecto horrivel quando ma trouxeram. - No entanto, não era isso. Eu sei o que te aconteceu, queria saber era exactamente do que te lembras e exactamente o que se passa com os pesadelos - tanto os referentes ao acidente, como os que não são relativos a isso. Sabes que podes confiar em mim e falar comigo sobre isso.

Ela estava a esconder alguma coisa que a preocupava e eu sabia disso. Tinha que descobrir o que era...

*fiquei meio desconfortavel dela nao se ter esquecido do que eu tinha dito. tinha sido uma falha falar daquela maneira. eu nao queria mesmo contar-lhe mas nao sabia como evitar isso...*

-"eu...eu não me lembro de grande coisa. Eu estava a tirar fotografias da janela do dormitorio. lembro-me disso. penso até que fotografei uma coruja a voar ao longe. lembro-me vagamente disso.
depois foi tudo tão rapido...eu não pude evitar.
aqueles enormes olhos ja estavam em cima de mim e eu só os via a eles, como se estivesse dentro deles. e eles eram humanos. pareciam humanos lá dentro. e...depois senti dores agudas, mais lentas e arrastadas do que quando simplesmente nos cortamos com uma faca.
parecia que não ia acabar..." - algumas lágrimas cairam-me pela cara.
-"desculpe." - disse ao recompor me. Eu costumava reviver isso sempre que fechava os olhos, quer fosse a dormir ou não. quando eu estive aqui a poção do sono que me dava fazia-me mesmo bem mas depois quando me deu alta lembra-se de dizer que os pesadelos não continuariam e não era preciso dar-me nada?! bem...continuaram. eu só não quis voltar cá porque...calculei que fosse normal. Entretanto desenvolvi um receio...estranho...de corujas. Pensei que estivesse tudo relacionado e se um passasse o outro passaria também. Foi o que aconteceu por isso não se preocupe. Eu cheguei a falar com o Professor Shun mas como ultimamente tenho dormido profundamente e sem sonhos, calculo que tenha passado sim." - sorri

Ok, aqui já não podia eu intervir. Sabia que ela tinha ficado com um trauma que eu nunca poderia resolver ou sequer ajudar a fazê-lo. Tinha que a encaminhar para a Dra. Yara.

Querida, já falaste com a Dra. Yara sobre algum desses eventos? Porque acho que isso não passou simplesmente, apenas aliviou temporariamente devido ao teu cansaço... Era mesmo melhor falares com a Dra. Yara sobre isso... Também podes falar comigo claro, mas eu não sei como te ajudar...

Faço um sorriso fraco. Odeio não conseguir ajudar as pessoas...

*suspirei*

-"ainda nao tive a chance mas eu acho que esta tudo bem, aserio. nao se preocupe mas obrigada." - sorri levemente e levanta-se para ir embora

Suspiro. Ela estava a tentar evitar o assunto a todo o custo, mas ela tinha que falar, ela não se podia simplesmente fechar sobre ela e tentar esquecer o assunto porque não é assim que as coisas funcionam.

Ema, espera... Ouve, sei que é difícil e não percebo completamente pelo que estás a passar mas tu precisas de desabafar sobre tudo o que te vai na cabeça com alguém. E acho que a Dra, Yara era a melhor para te ajudar. Não te feches em ti, querida, isso só vai piorar as coisas. Se tentares simplesmente esquecer sem falar sobre isso, isso vai-te perseguir a vida toda. Só vais estar a fugir do problema...

*numa tentativa desesperada de ir embora, o stress tomou conta dela e começou a chorar.
nao sei se a vergonha, se a simpatia da enfermeira chibi ou se as saudades que tinha de realmente ter uma grande amiga, como a Emily, para falar mas quando reparou tinha abraçado a enfermeira com força e chorava agora contra a sua barriga.*

Ema agarrou-se a mim com força, a chorar. Abracei-a, com força também e fui-lhe dando festas na cara.

Chora tudo o que tens a chorar querida, faz bem deixares levar-te pelos sentimentos de vez em quando.

Tirei a cabeça dela do meu ombro, olhei-lhe para os olhos, ainda com lágrimas e disse, limpando uma lágrima que lhe escorria pela face: Linda, senta-te aqui comigo - encaminhei-a para a maca, para nos sentarmos lado a lado e virei-me para ela - se quiseres falar, estou aqui para ti. Prometo que ninguém vai saber de nada e não vou julgar nem dizer nada enquanto não queiras. Estou aqui apenas para te ouvir e se não quiseres que eu diga nada, então nada direi.

*sentei-me e olhei para ela meio envergonhada*

-" é simplesmente muita coisa...e eu..." - estava hesitante em falar lhe, ela tinha sido tao carinhosa comigo. - " eu tinha prometido que se precisasse de falar ia ao gabinete da Dra.Yara. Não é que eu não me sinta a vontade consigo...mas...parece-me injusto com ela se ja me comprometi. Gostava de falar com ela primeiro se nao se importasse. apesar disso...ela deve ter mais problemas em que pensar do que estar a ouvir os meus estupidos dramas" - recomeça a chorar compulsivamente - "esta tudo tao tao tao errado...e eu sinto falta da minha grande amiga e da minha avó e do meu irmão...apesar de tudo." - suspirei

Se preferires falar com a Yara, podes fazê-lo... Mas eu também te posso ouvir e ajudar se quiseres. O que se passou com a tua amiga, o teu irmão e a tua avó? Queres falar sobre isso? - perguntei preocupada. Queria ajudá-la ao máximo, não aguentava vê-la assim..

*voltei a enxugar as lagrimas e recompus-me. suspirei fundo e continuei*

-"nada. nao se passa nada com eles...é só que me costumo sentir sozinha por aqui. sinto que maior parte das pessoas daqui me vê como uma maniaca por notas e pontuações. não deixa de ser verdade mas eu não sou só isso e o trabalho ajuda-me a esquecer muitas muitas coisas. parece que ninguém pensa nisso quando me dizem essas coisas. A minha melhor amiga acabou por se colocada em Durmstrang pelos pais o ano passado. Ela está muito contente lá e eu estou feliz por ela mas ela tamém era de Gryffindor e parecendo que não, por sermos diferentes, fazia-me imensa companhia e divertiamo-nos juntas. Depois outra grande amiga nossa ingressou em Hogwarts e ultimamente ainda se viu privada de mandar corujas ou receber por isso não temos tido contacto.
O meu irmão vive com os meus pais e a minha irmã. Não que eles me façam falta..." - fiz uma pausa ao lembrar-me do presente de aniversário deles. de como me tinham "expulso" amigavelmente do meu quarto em casa deles, como se já não houvesse necessidade de me receber lá mais - "...o meu irmão mais novo até faz. Ele fala como se às vezes quisesse que eu voltasse para casa mas não o deixassem decidir por não ter idade. Se ele fosse mágico como eu seria mais fácil. Seria maravilhoso vivermos os três em casa da minha avó e ele estudar aqui comigo.
Com a minha avó está tudo bem, espero. Ela realmente não tem escrito...mas ela costuma ter bastante actividades lá por casa. Ela é muggle, tal como o resto da minha familia, por isso é impossivel para ela vir ver-me ou assim. E acabo por ter saudades. Ela está tão sozinha em casa...ainda mais que eu aqui..." - suspirei profundamente.
" - eu sei que posso confiar em si mas...eu devo uma conversa à Dra.Yara." - sorri e levantei-me para ir embora. virei-me para trás para me despedir melhor.
" - obrigada mais uma vez, por tudo. por ter tratado de mim da outra vez e por me ouvir agora. tenha uma boa noite"