Um recomeço...

Lembro-me de ter saído da masmorra com bastante pressa. Após me ter calçado, e ter terminado de almoçar, recordei-me de algo bastante importante que me tinha vindo à ideia durante a manhã. Tinha de ir ter com o professor Knox.
Estava bastante nervosa pois sabia que não era um professor que gostasse particularmente de mim, mas pretendia, pelo menos, fazer com que a sua opinião a meu respeito mudasse.
Estava à porta do seu gabinete, encostei o meu ouvido na mesma, e ouvi-o a conversar com alguém. Como costumava agir de instinto, bati de leve na madeira. De repente, senti um impulso vindo da porta que me atirou directa contra a parede oposta. Estava enfeitiçada. Era quase como se soubesse que eu o tinha ouvido a falar com alguém.
Recompondo-me, encostei-me à parede e fui escorregando até ao chão, preparada para esperar o tempo necessário.

No meu interior, uma voz ridicularizava-me continuamente. O que estava eu ali a fazer? Senti que devia continuar com o que estava a fazer.
De repente, uma porta abriu-se e vi que o professor Knox me tinha chamado, sorrindo. Sorrindo- pensei - Provavelmente está a gozar comigo. Seja como for, já estive pior.
Segui-o até ao interior do seu gabinete e foi só quando me estava prestes a sentar, que olhei para o espelho.
Não me contive:
-Estou uma desgraça- disse, rindo-me. Por momentos, achei que o professor me iria expulsar, mas apenas esperei por uma reacção.

- Humm...bem, antes de mais, queria pedir-lhe desculpa por algum comportamento que tenha tido para consigo que não tenha sido o mais correcto- disse, embora com alguma dificuldade.
-Na primeira vez que falou comigo- continuei- entendi que me estava a tentar transformar numa "aluna padrão", daí a ter levado isso a peito. Antes que gere mais confusões, queria só explicar que apoio bastante todos aqueles com singularidades e inseguridades, fora do usual, de um certo modo pois eu também sou assim.
Trouxe-lhe uma coisa- expliquei.

-Bem, até pode achar estranho, mas tenho a certeza que não vai achar o mesmo depois de o provar- disse eu, tirando um pudim com um aspecto delicioso da minha mala e pousando-o na mesa do escritório- Fui eu mesma que o fiz. Tinha de tentar, pelo menos.

Ouvi o o prof. Knox a falar e respondi-lhe num tom descontraído:
- Soltar-me? Penso que ainda não entendeu o que me acontece quando me "solto"-ri-me.
-Além disso-continuei- nem vale a pena, porque acabo por ser ignorada. Prefiro deixar-me estar no meu "cantinho".