panfletos coloridos

Pareceria um dia qualquer nos corredores de uma escola antiga normal se neles não voassem uma infinidade de encantados panfletos coloridos atrás das pessoas.
Eu mesma tinha passado a noite a pensar no que escrever e a dar o braço a torcer à minha incapacidade de resolver o problema sozinha e decidida hoje de manhã tinha ido pedir ajuda ao professor Magnum.
Nunca pensei consegui-lo ver tão animado com uma festa como com a possibilidade desta, se as coisas conseguissem finalmente ser tratadas a tempo.
Eu já tinha treinado durante a noite algumas variantes de feitiços locomotores que fizessem com que as minhas folhas “perseguissem” todas as pessoas da Academia indiscriminadamente, com sucesso. Então, quando logo pela manhã bati na porta do gabinete do professor Magnum, acordando-o da moleza de um chá matinal, tinha claro na minha mente a ajuda que precisava dele.
Era imprescindível que o professor Andrew não soubesse de nada nem houvesse a mínima possibilidade disso mas o feitiço de camuflagem que eu tentava fazer na verdadeira mensagem nunca dava certo até ao fim, ficando inicialmente errada e revelando a mensagem original para toda a gente passados poucos segundos. Não era esse o meu objetivo. Era antes ter uma mensagem sempre errada que apenas o fosse para uma pessoa específica, neste caso o aniversariante.
Para todos os efeitos ele apenas precisaria de ver um lindo panfleto de publicidade relembrando a todos a proximidade do dia do pai e sugerindo uma série de prendas úteis para os mesmos à venda na Diagon-Al, entregues pela CPUCM (Comissão Portuguesa da União Comercial Mágica) à Academia.
Fora isso, era fundamental que as pessoas não fossem continuadamente e repetitivamente incomodadas com panfletos a caírem-lhes em cima da cabeça, baterem-lhes nas costas e colarem-se-lhes ao corpo e à cara, para que não perdessem a paciência com o assunto e a vontade de ajudar se a tivessem ganho. Para isso, era preciso que os panfletos ficassem inativos para essa pessoa assim que ela pegasse neles durante mais de 40 segundos, tempo suficiente para ser ler e compreender o assunto abordado.
Mas sozinha eu não estava a ser capaz de o fazer e felizmente o professor tinha uma pronta solução. Coloquei a folha de papel que tanto tinha rabiscado durante a noite, agora limpa e imaculada, em cima da mesa. O professor olhou para a única folha que teria de encantar estranhando a ausência de mais. Eu disse-lhe o tipo de mensagem ilusória que tinha em mente e ele enfeitiçou o papel, com todo o seu conhecimento dos informativos que a CPUCM costumava mandar na altura dos eventos importantes. Eu tinha acabado de colocar uma pedra do jardim, em muito superior ao peso da folha, em cima da mesma, sem lhe tocar, para a impedir de voar contra mim e o professor assim que eu lhe lançasse o feitiço locomotor. Era bom saber que o professor não era de facilitismos e que não tentaria impedir-me de enfeitiçar pelo menos o que eu conseguia daquela folha. Depois disso e ainda incrédulo mas curioso o professor enfeitiçou-a para que passados então os 40 segundos ao toque de uma pessoa ela caísse parada no chão, qual peso morto, deixando a pessoa “imune”a próximos ataques de folhas.
Afastei-me para junto da porta e de longe retirei a pedra de cima do papel e esta imediatamente correu para o peito do professor colando-se lá e transformando-se em duas. Instantaneamente fazendo com que a segunda me quisesse seguir. Rapidamente abri a porta e escondi-me atrás da mesma, mesmo a tempo do papel voar em rajada em direção a um grupo de alunos que animados a conversar passavam pela porta do gabinete nesse momento, criando uma chuva de novos panfletos que se colavam a eles e faziam correr outros quantos pela academia toda.
Fechei a porta e sorri. Afinal o geminio que tinha colocado ontem à noite sempre tinha resultado. Não tinha sido um feitiço fácil e nem sempre resultava. Neste mesmo papel nem sequer tinha dado tempo de fazer a verificação do feitiço antes de vir para cá e tinha acabado por ser uma boa surpresa tanto para mim como para o professor Magnum, a quem vi lançar-me um leve sorriso e um aceno de cabeça como se de um elogio se tratasse.
Agradeci, atrapalhada, e antes mesmo de tropeçar nos próprios pés e bater com a cabeça na porta de novo fechada, abri-a e corri dali para fora à procura de novas pessoas a quem os meus panfletos pudessem não ter chegado, com uma nova folha, que o professor Magnum tinha criado assim que eu saíra da sala, no meu encalço.

“Bom dia a todos,
Como sabem o ilustre fundador e director da nossa academia Sir Andrew Stevenson está quase a fazer anos. Sendo assim seria simpático da parte de todos os membros da academia a ajuda e participação numa festa para o mesmo.
Acontece que o prazo aperta e ainda não existe nada pensado de concreto. Só sei que seria extremamente aconselhável que fosse diferente da festa realizada para o Professor Shun para ser original e único.
Aceitam-se sugestões.
Sei que ao professor agradam-lhe vira tempos mas como foi usado um para os anos do professor Shun, peço que pensem em outras maneiras do mesmo objeto aparecer.
Escusado será dizer que apesar de ele ter conhecimento de que estamos a tentar fazer alguma coisa, não pode de todo saber nenhuma das ideias.
Comecem desde já a preparar-se para uma festa ao gosto do Professor Andrew e sigam as regras.

Muito obrigado a todos,
Ema Watson”