Entrei na casa de banho do 2º andar. Apesar do que a minha avó dizia, eu achava que talvez também as boas memórias se apegassem aos sítios e às coisas. Senão, porque razão, aquela casa de banho, mesmo vazia, me transportava de novo para lavatórios cheios de líquidos de várias cores e caixas de ingredientes espalhadas pelo chão?!
Só tinha voltado ali em poucas ocasiões, aquela casa de banho era tão deserta de alunas que era o sítio ideal para se fazer isso.
Coloquei o caldeirão num dos cantos e aticei-lhe fogo. Poderia começar a fazer a poção. Tinha os ingredientes junto a mim, no chão, e uma série de frascos que já tinha etiquetado prontos para serem cheios.
Meio caldeirão, de vinagre a ferver, depois e tinha de pôr as penas de Fénix e de águia de fogo no caldeirão. Acrescentei-lhe um cílio de pavão real e uma pitada de chifre de unicórnio, suficiente para proporcionar uma qualidade elevada à revelação.
Coloquei um galho de 3 metros (cortado em pedaços ) de uma figueira cáustica da abissínia!
Uma leve cor rosa apareceu. Estava quase no pôr do sol.
O céu começava a querer ficar de um roxo rosado necessário para receber os raios de sol púrpura que precisávamos e mais tarde os primeiros raios de luar.
A poção estava praticamente concluída. A sua cor roxa escura era bem visível e em seguida foram adicionados os pêlos de bicórnio, mexendo sempre. Com a adição destes a poção tornou-se mais escura, quase preta, com madeixas roxa choque que brilhavam com o rodopio da agitação do caldeirão. Tal como tinha acontecido da primeira vez que tinha feito.
Entretanto apareceram os primeiros raios de luar, branco-prateados.
Continuou a mexer-se a poção e esta adquiriu um tom rosa pérola.
Estava pronta a ser usada. Recolhi-a nos frascos, arrumei e limpei tudo.